sexta-feira, 26 de junho de 2015

Os perigos das redes sociais - Filme: Confiar.

Trust
Trust - Perigo Online (PT)
Confiar (BR)

Enredo

Annie Cameron (Liana Liberato) é uma garota de 14 anos que vive com os pais Will (Clive Owen) e Lynn (Catherine Keener) e seu irmão Peter (Spencer Curnutt) e Kate (Aislinn DeButch) no subúrbio de Chicago. Em seu aniversário, Annie - que tem uma relação saudável com a família - ganha de presente um MacBook. Ao entrar em uma sala de bate-papo, conhece um garoto chamado Charlie (Chris Henry Coffey) e rapidamente envolve-se virtualmente com ele. Após alguns meses conversando - e de ser bastante grata por Charlie ter lhe dado conselhos que a fizeram entrar para o time de vôlei na escola - Charlie diz não ter 16 anos, mas sim 20. Annie lida com isso e eles continuam conversando, até que Charlie, novamente, a surpreende e revela ter 25 anos de idade. Annie, que conversa dia e noite por telefone e computador com Charlie, se de que a idade não importa e que eles estão apaixonados. Após marcar um encontro às escondidas com Charlie, Annie descobre que ele é um sujeito de, no mínimo, 35 anos. Por amá-lo, Annie aceita dar um passeio pelo shopping com Charlie e, quando ela entra no carro, ele lhe passa uma sacola de compras que contém uma lingerie. Annie aceita experimentar e vai para o motel com ele. Charlie tira a virgindade de Annie - inicialmente contra sua vontade - e confidencia o fato apenas à sua amiga Brittany (Zoe Levin).
Alguns dias se passam e Annie fica cada vez mais deprimida ao perceber que Charlie não responde suas mensagens. Brittany fica preocupada e diz o que aconteceu à conselheira da escola, que imediatamente chama a polícia e a leva ao hospital para coletar provas do estupro. Ao juntarem o caso de mais três garotas que tiveram o mesmo destino que Annie pelo mesmo homem, iniciam uma investigação do FBI. Seus pais pedem sua ajuda para que consigam achar e prender Charlie - que vive em um estado diferente - e Annie aceita, apesar de dizer que não foi estupro e que ela permitiu isso. Annie liga para Charlie e ele, meio desconfiado, pega o número de telefone de Lynn - a mãe de Annie - em seu site - já que ela é corretora - e liga bem na hora em que ela está ao lado de Annie enquanto eles estão tentando rastrear a ligação e Annie ter dito que seus pais não estavam em casa. Charlie nunca mais entra em contato.
Annie começa a frequentar uma terapeuta, a Gail Friedman (Viola Davis) e, mesmo depois de um tempo, vê sua família arruinada. Seu pai fica obcecado em achar Charlie até quase ir a loucura e seu desempenho no trabalho começa a ficar realmente ruim porque ele não consegue parar de pensar na filha, e sua mãe está triste na maior parte do tempo. Annie finalmente admite ter sido estuprada quando, aos poucos, percebe a verdade.
No jogo de vôlei de Annie, seus pais comparecem e Will reconhece um homem que viu nas fotos de estupradores da redondeza e, como ele acha poder ser Charlie e percebe o homem tirando fotos das garotas na quadra, derruba o sujeito e bate nele, até que ele descobre que, na verdade, o suposto Charlie estava só tirando fotos de sua filha, que também faz parte do time de vôlei. Annie briga e se afasta mais ainda de seu pai após o ocorrido e parece chegar ao limite quando, além do bullying que sofre na escola por todos saberem o que aconteceu, encontra uma montagem de mau gosto onde dizem que ela gostou de ter sido estuprada. Annie chega em casa e toma inúmeros comprimidos e fica na banheira até fazer efeito. Will, que estava em casa e não viu a filha chegar, corre para o banheiro e arromba a porta após receber o telefonema de sua esposa dizendo para checar se era verdade o que todos estavam dizendo - que Annie havia se despedido virtualmente, dizendo que ia cometer suicídio etc. Will salva Annie e convida Brittany - que volta a ser a melhor amiga de Annie - para passar a noite e fazer alguma companhia à amiga.
Na manhã seguinte, Annie perdoa seu pai pelo seu comportamento e eles, aos poucos, voltam a ser a família feliz que sempre foram. Junto ao irmão Peter, que vem da faculdade e faz algumas visitas.
Na cena final dos créditos, com Charlie - que, na verdade, se chama Graham Weston - não sendo pego, descobrimos que ele é um homem comum, vivendo em uma família comum e com um trabalho de professor.

Falsos perfis nas redes sociais são perigo para jovens.

Falsos perfis nas redes sociais são perigo para jovens


 O contacto com perfis falsos em redes sociais, criados com objetivos quase sempre sexuais, é dos maiores riscos que os jovens correm na internet, alerta Tito Morais, que há 10 anos trabalha na segurança "online" de jovens.
Tito Morais é o responsável pelo projeto MiudosSegurosNa.Net há mais de uma década e participou em muitas dezenas de ações de formação e palestras sobre o tema, junto de jovens e de pais. Hoje, em declarações à agência Lusa, não tem dúvidas de que há casos dramáticos a desenrolarem-se todos os dias.
"Tudo o que implica risco é sintomático as pessoas acharem que só acontece aos outros", diz, acrescentando no entanto que todas as pessoas têm fragilidades e que há sempre alguém que sabe como as explorar.
Quando vai a uma escola "é raro que não haja um aluno, um professor ou um pai com uma história para contar". Tito Morais conta algumas dramáticas, como a de uma menina de 13 anos aliciada por um suposto jovem de igual idade e que era afinal um homem de 50 anos, ou de um recente pedido de ajuda de uma pessoa que teve durante dois anos um "relacionamento" com alguém que não existia.
"As pessoas têm tendência para pensar que o problema da internet é técnico mas é fundamentalmente de pessoas, passa muito pela manipulação psicológica", diz Tito Morais, que com o trabalho de uma década garante ser o aliciamento sexual a maior preocupação dos pais.
Mas são os pais que muitas vezes se alheiam do que os filhos fazem na internet, e são também os pais que criam perfis dos filhos com menos de 10 anos na página Facebook (rede social), mentindo na idade (por ser para maiores de 13). "Arriscaria que 80 por cento dos jovens de 8, 9 ou 10 anos tenha conta no Facebook", diz.
Tito Morais estranha ainda que muitos pais desconheçam que há ferramentas na internet para maior segurança sobre o que as crianças conseguem ver, e lembra que os perigos estão também noutras plataformas, como os telemóveis e os "tablets" e respetivas aplicações.
A sensibilização, como faz o MiudosSegurosNa.Net, tem de ser contínua, afiança Tito Morais, que tem mais de 100 pedidos para ações de sensibilização, a maior parte em escolas, mas não tem meios para os satisfazer.
Por isso iniciou esta semana na página da internet, e durante dois meses, um projeto de "crowdfunding" (obtenção de dinheiro para iniciativas de interesse público). Tito Morais quer angariar pelo menos 2500 euros, que financiariam uma dúzia de ações de formação em escolas do país. Até hoje, disse à Lusa, apenas recebeu 200 euros de contribuições.
O projeto MiudosSegurosNa.Net começou em março de 2003 e diz ser hoje uma das iniciativas de segurança online de crianças e jovens de maior alcance a nível europeu (o quinto mais falado).
E trabalho não falta, diz Tito Morais. Porque há sempre uma menina "que quer ser modelo" ou um menino "que quer ser futebolista", e um perfil falso numa rede social à espera deles.

domingo, 31 de maio de 2015

Atividade - Trazer poemas de autores conhecidos e produção de poemas autorais.

Galerinha, quem já entregou leu os poemas de autores conhecidos da poesia nacional e mundial agora tem um outro desafio.

Criar poemas. Vamos soltar a imaginação e tentar produzir alguns poemas?

Aguardo vocês em sala para trocarmos ideias e com os poemas que vocês produziram.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Texto 2 - Cultura de Arnaldo Antunes.


O girino é o peixinho do sapo
O silêncio é o começo do papo
O bigode é a antena do gato
cavalo é pasto do carrapato
O cabrito é o cordeiro da cabra
O pecoço é a barriga da cobra
O leitão é um porquinho mais novo
A galinha é um pouquinho do ovo
O desejo é o começo do corpo
Engordar é a tarefa do porco
A cegonha é a girafa do ganso
O cachorro é um lobo mais manso
O escuro é a metade da zebra
As raízes são as veias da seiva
O camelo é um cavalo sem sede
Tartaruga por dentro é parede
O potrinho é o bezerro da égua
A batalha é o começo da trégua
Papagaio é um dragão miniatura
Bactérias num meio é cultura
Link para o vídeo.
https://www.youtube.com/watch?v=Aguu_QzCQy8&hd=1
1)Qual dos enunciados abaixo parece ser o "esqueleto", isto é, a estrutura de todos os versos? Copie a alternativa correta no caderno.
a) isso e aquilo são;
b) ou isso ou aquilo;
c) isso é aquilo.
2) Observe essa definição tirada da biologia:
O girino é o peixinho do sapo.
O que há de comum entre essa definição e os versos?
3) As definições presentes nos versos são as conhecidas e esperadas pelo conhecimento médio, comum à maior parte das pessoas? Por quê?
4) Qual verso você acha que permitiria imaginar uma cena bem interessante? Por quê?
5) Um dos sentidos da cultura é ter  conhecimento acumulado pela humanidade e aprendido principalmente por meio da escola. A canção se compromete com essa transmissão ou a renova? Por quê?
Responda todas em seu caderno.
Deveres:
Em sala foi pedido para levar na próxima aula poemas de autores consagrados ou não, e  inclusive quem quiser pode levar poemas autorais para compor um varal literário. 

domingo, 10 de maio de 2015

2º Trimestre - Texto 1 - Entre leitores e leituras: práticas de leitura. - Lenda do Pégaso - Moraes Moreira.

Lenda do Pégaso

Moraes Moreira

Era uma vez, vejam vocês, um passarinho feio
Que não sabia o que era, nem de onde veio
Então vivia, vivia a sonhar em ser o que não era
Voando, voando com as asas, asas da quimera
Sonhava ser uma gaivota porque ela é linda e todo mundo nota
E naquela de pretensão queria ser um gavião
E quando estava feliz, feliz, ser a misteriosa perdiz
E vejam, então, que vergonha quando quis ser a sagrada cegonha
E com a vontade esparsa sonhava ser uma linda garça
E num instante de desengano queria apenas ser um tucano
E foi aquele, aquele ti-ti-ti quando quis ser um colibri
Por isso lhe pisaram o calo e aí então cantou de galo
Sonhava com a casa de barro, a do joão-de-barro, e ficavatriste
Tão triste assim como tu, querendo ser o sinistro urubu
E quando queria causar estorvo então imitava o sombrio corvo
E até hoje ainda se discute se é mesmo verdade que virou abutre
E quando já estava querendo aquela paz dos sabiás
Cansado de viver na sombra, voar, revoar feito a linda pomba
E ao sentir a falta de um grande carinho então cantava feito umcanarinho
E assim o passarinho feio quis ser até pombo-correio
Aí então Deus chegou e disse: Pegue as mágoas
Pegue as mágoas e apague-as, tenha o orgulho das águias
Deus disse ainda: é tudo azul, e o passarinho feio
Virou o cavalo voador, esse tal de Pégaso
Pégaso (11x)
Pega o Azul
https://www.youtube.com/watch?v=J-CbW7OO-H4
Pégaso
Na mitologia grega, Pégaso era um cavalo alado nascido do sangue da medusa. Atena domesticou-o e ofereceu- o ao arqueiro Belerofonte que tentou usá-lo para aproximar-se do Olimpo. Zeus fez com que Pégaso derrubasse seus cavaleiro, que morreu. Transformado em constelação, o cavalo passou desde então ao serviço do rei do Olimpo. Com  um de seus coices, fez nascer a fonte de Hipocrene, que se acreditava ser a fonte de inspiração dos poetas.
Químera
Na mitologia grega. Quimera era um fabuloso monstro com cabeça de leão, torso de cabra e cauda de dragão e que soltava fogo pela boca. sua representação plástica na arte cristã medieval era um símbolo do mal, mas, com  o passar do tempo, passou a ser chamada de quimera a todo monstro fantástico empregado na decoração arquitetônica. Hoje o nosso português, a palavra quimera significa produto da imaginação, fantasia, utopia, sonho.
Exercícios.
1) em qeu história da literatura infantil a canção se baseia para narrar a origem do Pégaso?
2) Com base no segundo texto, a letra da canção recria ou conta a história da mitologia grega? Por quê?
3) O passarinho feio gostava de ser vários pássaros.
a) o que isso pode revelar sobre ele?
b) o que dá para saber sobre a escolha de cada pássaro?
c) As rimas ajudam a pensar a questão anterior? Por quê? Dê um exemplo.
4) A reprodução de um origami ilustra o texto.
a) o que você achou dela?
b) Vocêsabe que tradução cultural ela pertence?
c) A letra da canção e o origami foram feitos com finalidades semelhantes? Por quê?


terça-feira, 14 de abril de 2015

Avaliações

Galerinha,

Sobre as avaliações dos livros que conversamos em sala.

São duas atividades avaliativas (leiam com atenção)
7F1

1- Prazo máximo dia 28/04 (atividade em grupo)

Vocês devem apresentar nesse dia um das opções abaixo:

Representação teatral de uma cena ou cenas contemplando o livro. (duração de 10 minutos)
Para isso, vocês precisam definir funções, ou seja, precisam de um diretor, de atores, de quem cuide do som, dos slides, da maquiagem e do figurino, todos devem ter uma função específica.
Lembram do teatro do Chapeuzinho vermelho e das mil e uma noites? Mesmo formato! Tá facil!

Apresentação: Nesse caso vocês podem apresentar um power point ou similar para ser explicado para a turma, o prazo é de aproximadamente 5 entre 10 miutos. Sejam claros e objetivos, escolham quem vai apresentar, quem vai fazer os slides, se quiserem podem inserir música de fundo e pequenos vídeos de 1 ou 2 minutos para representar os personagens, ou um bate papo informal sobre o livro tipo aqueles vídeos de youtube das pessoas comentando o livro, imagens ou fotos também caracterizando, tragam informações sobre o livro, o autor e personagens, lembrando que vocês sabem apresentar  recomendar o livro pois fizemos isso em sala. Tragam em pen drive.

Vídeos - O vídeo deverá estar em pen drive e deve ser o máximo auto explicativo com abertura legendas com o nome dos participantes e suas funções, vocÊs podem representar no vídeo ou ensaiar um bate papo informal entre vocês, ou ainda naquele estilo youtube de comentar os livros. Dei algumas ideias na sala paa vocês.

A ordem da apresentação é: representação, apresentação e vídeo. O vídeo obrigatoriamente deve estar em pen drive pois precisarei levar caso não haja tempo para exibição na sala.

O prazo final da leitura  do s livros ficou dia 15/04.
Lembrem-se que a atividade vale nota, e que já fizemos: leitura em sala, atividade do blog, cartazes e exercícios do blog que devem estar no caderno de vocês, não em folha separada e nem mesmo me entregar. Pois passarei para ver se fizeram. Quem postou no blog não precisa pois tenho registrado tudo isso lá. Agora quem deixou de fazer alguma atividade deve começar a fazer antes da nota.

As datas:
7F1 apresentação dia 28/04

2 - Atividade do livro (individual)
Os livros:
Diário ao contrário
Memórias de um fantasma canhoto
Romeu e Julieta.com.br

Todos os livros possuem uma ficha de leitura que vocês devem preencher e entregar individualemnte para o professor até o dia 28/04

Agora vamos as perguntas
Professor eu não tenho o livro?
Deveria ter pois como você vai fazer o primeiro trabalho lá acima.
Caso não tenhas estás em um grupo tire cópia do seu colega das perguntas e preenchas as respostas individualmente será dado nota zero para quem colar.
Professor, não vi a postagem sobre essa atividade no blog e no Unimestre pois não tenho acesso.
Já deu tempo, um trimestre inteiro para isso, mesmo assim ainda tens o teu colega do grupo para te dar essa informação e ainda tirar as dúvidas comigo na sala, no corredor, ou ainda via faceboke em qualquer momento antes da entrega da avaliação.
Trabalho manuscrito e não digitado, por isso,  se não tiver o caderno de perguntas e repostas, ou seja, o questionário no livro que você comprou ou pediu emprestado, tire cópia dele em branco do seu colega e depois responda de forma manuscrita.
Prazo de entrega dia 28/04 (individual)

Tudo explicado, como sempre, espero vocês em sala.





domingo, 22 de março de 2015

Leitura de contos e proposta de atividade.

Para finalizar as nossas atividades sobre contos de fadas, contos maravilhosos e contos fantásticos que tal mais um exemplo de cada uma dessas divisões desse incrível gênero textual?
Contos de fadas
Capuchinho Vermelho - Um conto de fadas dos Irmãos Grimm
          Era uma vez uma doce pequena que tinha o amor de todos os que a viam; mas era a avó quem mais a amava, a ponto de não saber o que mais dar à criança. Uma vez deulhe um capucho de veludo vermelho e, como este lhe ficava tão bem que ela nunca mais quis usar outra coisa, chamaram-lhe simplesmente Capuchinho Vermelho. Um dia disse-lhe a mãe: "Vem cá, Capuchinho Vermelho, aqui tens um pedaço de bolo e uma garrafa de vinho para levares à tua avó. Ela está doente e fraca e isto há-de fortalecê-la. Põe-te ao caminho antes que se ponha quente e, quando estiveres no bosque, vai directa e não te desvies do carreiro, senão ainda cais e partes o vidro e a tua avó não recebe nada. E quando entrares no quarto dela, não te esqueças de dizer bom dia e não te vás pôr a espreitar em todos os cantos."
          "Vou fazer tudo bem," prometeu Capuchinho Vermelho dando a sua mão. A avó vivia isolada no bosque, a meia légua da aldeia. Quando Capuchinho Vermelho chegou ao bosque, um lobo veio ao seu encontro. Capuchinho Vermelho não sabia que se tratava dum animal malvado e não teve medo nenhum. "Bom dia, Capuchinho Vermelho," disse ele. "Muito obrigado, lobo." - "Aonde vais tão cedo, Capuchinho Vermelho?" - "À minha avó." - "O que levas debaixo do avental?" - "Bolo e vinho: ontem cozemos, portanto a pobre avó doente vai poder receber algo bom que a fortaleça." - "Capuchinho Vermelho, onde vive a tua avó?" - "Ainda a um bom quarto de légua dentro do bosque, debaixo dos três carvalhos, aí fica a casa dela; logo abaixo ficam as avelaneiras, assim já saberás," disse Capuchinho Vermelho. O lobo pensou para si mesmo: "Que coisa tenra, dará um pitéu suculento. Vai saber ainda melhor que a velha. Tens que agir ardilosamente se queres apanhá-las ambas." Então andou um pouco ao lado de Capuchinho Vermelho e depois falou: "Capuchinho Vermelho, vês as lindas flores por aqui à tua volta? Porque não olhas para elas? Acho que ainda nem reparaste como os passarinhos estão a cantar amorosamente. Andas tão séria, como se fosses para a escola, enquanto que tudo no bosque está tão alegre."
          Capuchinho Vermelho levantou os olhos e quando viu como os raios de sol dançavam entre as árvores, para a frente e para trás, e como havia lindas flores por todo o lado, pensou: "Se eu levar à avó um ramo fresco, hei-de dar-lhe alegria. Ainda é tão cedo que chegarei bem a tempo." Então ela saiu do carreiro e entrou no bosque à procura de flores. E cada vez que tinha apanhado uma, pensava que mais longe haveria outra ainda mais bonita e corria a apanhá-la, de tal forma que entrou cada vez mais fundo no bosque. Mas o lobo foi directo para casa da avó e bateu à porta. "Quem está aí?" - "É    Capuchinho Vermelho, trazendo bolo e vinho, abre!" - "Levanta o trinco," gritou a avó, "eu estou demasiado fraca para me poder levantar." O lobo levantou o trinco, a porta abriu e ele, sem uma palavra, dirigiu-se à cama da avó e comeu-a. Depois vestiu as roupas e a touca dela, deitou-se na cama e fechou as cortinas.
          Entretanto, Capuchinho Vermelho tinha corrido de flor em flor e só quando já tinha tantas que não podia carregar mais é que se lembrou da avó e retomou o caminho para casa dela. Estranhou que a porta estivesse aberta e, quando entrou no quarto, teve uma sensação tão estranha que disse para si própria: "Meu Deus, hoje sinto-me tão angustiada e normalmente gosto tanto de estar com a avó." Largou um "Bom dia!," mas não obteve resposta. Então dirigiu-se à cama e puxou as cortinas para trás: ali estava a avó com a touca puxada sobre a cara e com uma aparência estranha. "Ó! Avó, que grandes orelhas tens!" - "Para poder ouvir-te melhor." - "Ó! Avó, que grandes olhos tens!" - "Para poder ver-te melhor." - "Ó! Avó, que grandes mãos tens!" - "Para poder abraçar-te melhor." - "Mas, avó, que boca horrivelmente grande tens!" - "Para poder comer-te melhor." Mal tinha o lobo dito isto, pulou da cama e engoliu a pobre Capuchinho Vermelho.
          E, tendo apaziguado a sua concupiscência, tornou a deitar-se na cama, adormeceu e começou a ressonar muito alto. O caçador estava mesmo a passar em frente da casa e pensou: "Como a velhota ressona! É melhor veres se há algo errado." Então entrou no quarto e, quando chegou à cama, viu o lobo lá estendido. "Aqui te encontro, velho pecador," disse ele, "há muito que te procuro!" Apontou a espingarda, mas então pensou que o lobo podia ter comido a avó e que ela ainda podia ser salva. Portanto, em vez de disparar, pegou numa tesoura e começou a cortar a barriga do lobo. Depois de ter feito um par de cortes viu Capuchinho Vermelho luzir; e após outros tantos cortes a moça saltou para fora, gritando: "Ah, como tive medo! Estava tão escuro dentro do lobo!" Depois a avó saiu, também viva mas quase incapaz de respirar. Entretanto, Capuchinho Vermelho depressa procurou grandes pedras com as quais encheram o lobo. Quando ele acordou quis fugir, mas as pedras eram tão pesadas que caiu subitamente e morreu.
          Então os três ficaram muito contentes. O caçador tirou a pele ao lobo e levou-a para casa. A avó comeu o bolo e bebeu o vinho que Capuchinho Vermelho tinha trazido e recuperou forças. Mas Capuchinho Vermelho pensou: "Nunca mais na vida tornarás a sair do caminho sozinha para entrar no bosque depois de a tua mãe o ter proibido."




Conto maravilhoso


As mil e uma noites
          Conta a lenda que na antiga Pérsia o Rei Shariar descobre que foi traído pela esposa, que tinha um servo por amante, o Rei despeitado e enfurecido matou os dois. Depois, toma uma terrível decisão: todas as noites, casar-se-ía com uma nova mulher e, na manhã seguinte, ordenaria a sua execução, para nunca mais ser traído. Assim procede ao longo de três anos, causando medo e lamentações em todo o Reino.
         Um dia, a filha mais velha do primeiro-ministro, a bela e astuta Sherazade, diz ao pai que tem um plano para acabar com a barbaridade do Rei. Todavia, para aplicá-lo, necessita casar-se com ele. Horrorizado, o pai tenta convencer a filha a desistir da ideia, mas Sherazade estava decidida a acabar de vez com a maldição que aterrorizava a cidade.
E assim acontece, Sherazade casa-se com o Rei.
          Terminada a breve cerimônia nupcial, o rei conduziu a esposa a seus aposentos, mas, antes de trancar a porta, ouviu uma ruidosa choradeira. “Oh, Majestade, deve ser minha irmãzinha, Duniazade”, explicou a noiva. “Ela está chorando porque quer que eu lhe conte uma história, como faço todas as noites. Já que amanhã estarei morta, peço-lhe, por favor, que a deixe entrar para que eu a entretenha pela última vez!”
         Sem esperar resposta, a jovem abriu a porta, levou a irmã para dentro, instalou-a no tapete e começou: “Era uma vez um mágico muito malvado...”. Furioso, Shariar se esforçou ao máximo para impedir a narrativa; resmungou, bufou, tossiu, porém as duas irmãs o ignoraram. Vendo que de nada adiantava sua estratégia, ele ficou quieto e se pôs a ouvir o relato de Sherazade, meio distraído no início, profundamente interessado após alguns instantes. A pequena Duniazade adormeceu, embalada pela voz suave da rainha. O soberano permaneceu atento, visualizando mentalmente as cenas de aventura e romance descritas pela esposa. De repente, no momento mais empolgante, Sherazade silenciou. “Continue!”, Shariar ordenou. “Mas o dia está amanhecendo, Majestade! Já ouço o carrasco afiar a espada!” “Ele que espere”, declarou o rei. Shariar se deitou e logo dormiu profundamente. Despertou ao anoitecer e ordenou à esposa que concluísse o relato, mas não se deu por satisfeito. “Conte-me outra!
Sherazade com sua voz melodiosa começou a contar histórias de aventuras de reis, de viagens fantásticas de heróis e de mistérios.   Contava uma história após a outra, deixando o Sultão maravilhado.
Sem que Sheramin percebesse, as horas passaram e o sol nasceu. Sherazade interrompeu uma história na melhor parte e disse:
- Já é de manhã, meu senhor!
          O rei interessado na história, deixou Sherazade no palácio para mais uma noite.
          E assim Sherazade fez o mesmo naquela noite, contou-lhe mais histórias e deixou a última por terminar. Sempre alegre, ora contava um drama, ora contava uma aventura, às vezes um enigma, em outras uma história real.
          Dessa forma se passaram dias, semanas, meses, anos. E coisas estranhas aconteceram. Sherazade engordou e de repente recuperou seu corpo esguio. Por duas vezes ela desapareceu durante várias noites e retornou sem dar explicação, e o rei tampouco lhe perguntou nada.
          Certa manhã ela terminou uma história ao surgir do sol e falou: “Agora não tenho mais nada para lhe contar. Você percebeu que estamos casados há exatamente mil e uma noites?” Um ruído lhe chamou a atenção e, após uma breve pausa, ela prosseguiu; “Estão batendo na porta! Deve ser o carrasco. Finalmente você pode me mandar para a morte!”.
          Quem entrou nos aposentos reais foi, porém, Duniazade, que ao longo daqueles anos se transformara numa linda jovem. Trazia dois gêmeos nos braços, e um bebê a acompanhava, engatinhando. “Meu amado esposo, antes de ordenar minha execução, você precisa conhecer meus filhos”, disse Sherazade. “Aliás, nossos filhos. Pois desde que nos casamos eu lhe dei três varões, mas você estava tão encantado com as minhas histórias que nem percebeu nada...” Só então Shariar constatou que sua amargura desaparecera. Olhando para as crianças, sentiu o amor lhe inundar o coração como um raio de luz. Contemplando a esposa, descobriu que jamais poderia matá-la, pois não conseguiria viver sem ela.
           Assim, escreveu a seu irmão e lhe propondo que se casasse com Duniazade. O casamento se realizou numa dupla cerimônia, pois Shariar esposou Sherazade pela segunda vez, e os dois reis reinaram felizes até o fim de seus dias.
Podemos concluir por essa história contada por Sherazade que, "A liberdade se conquista com o exercício da criatividade."
Observação: Entre as histórias contadas por Sherazade ao Rei estavam "Aladim e a Lâmpada Maravilhosa", "Simbad, o Marujo" ,"Ali Babá e os Quarenta Ladrões" e muitas outras.


Conto Fantástico

Continuidade dos parques

         Havia começado a ler o romance uns dias antes. Abandonou-o por negócios urgentes, voltou a abri-lo quando regressava de trem à chácara; deixava interessar-se lentamente pela trama, pelo desenho dos personagens. Essa tarde, depois de escrever uma carta ao caseiro e discutir com o mordomo uma questão de uns aluguéis, voltou ao livro com a tranqüilidade do gabinete que dava para o parque dos carvalhos. Esticado na poltrona favorita, de costas para a porta que o teria incomodado como uma irritante possibilidade de intrusões, deixou que sua mão esquerda acariciasse uma e outra vez o veludo verde e começou a ler os últimos capítulos. Sua memória retinha sem esforço os nomes e as imagens dos protagonistas; a ilusão romanesca ganhou-o quase imediatamente.   Desfrutava do prazer quase perverso de ir descolando-se linha a linha daquilo que o rodeava e de sentir ao mesmo tempo que sua cabeça descansava comodamente no veludo do alto encosto, que os cigarros continuavam ao alcance da mão, que mais além das janelas dançava o ar do entardecer sob os carvalhos. Palavra a palavra, absorvido pela sórdida disjuntiva dos heróis, deixando-se ir até as imagens que se combinavam e adquiriam cor e movimento, foi testemunha do último encontro na cabana do monte.
         Antes entrava a mulher, receosa; agora chegava o amante, com a cara machucada pela chicotada de um galho. Admiravelmente ela fazia estalar o sangue com seus beijos, mas ele recusava as carícias, não tinha vindo para repetir as cerimônias de uma paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O punhal se amornava contra seu peito e por baixo gritava a liberdade refugiada. Um diálogo desejante corria pelas páginas como riacho de serpentes e sentia-se que tudo estava decidido desde sempre. Até essas carícias que enredavam o corpo do amante como que querendo retê-lo e dissuadi-lo desenhavam aboninavelmente a figura de outro corpo que era necessário destruir. Nada havia sido esquecido: álibis, acasos, possíveis erros. A partir dessa hora cada instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O duplo repasso sem dó nem piedade interrompia-se apenas para que uma mão acariciasse uma bochecha. Começava a anoitecer.
         Já sem se olharem, atados rigidamente à tarefa que os esperava, separaram-se na porta da cabana. Ela devia continuar pelo caminho que ia ao norte. Da direção oposta ele virou um instante para vê-la correr com o cabelo solto. Correu, por sua vez, apoiando-se nas árvores e nas cercas, até distinguir na bruma do crepúsculo a alameda que levava à casa. Os cachorros não deviam latir e não latiram. O mordomo não estaria a essa hora, e não estava. Subiu os três degraus da varanda e entrou. Do sangue galopando nos seus ouvidos chegavam-lhe as palavras da mulher: primeiro uma sala azul, depois uma galeria, uma escada carpetada. No alto, duas portas. Ninguém no primeiro quarto, ninguém no segundo. A porta do salão, e depois o punhal na mão, a luz das janelas, o alto encosto de uma poltrona de veludo verde, a cabeça do homem na poltrona lendo um romance.

Alguns apresentaram cartazes sobre autores e contos fantásticos como Edgar Allan Poe, Machado de Assis, Moacyr Scliar e tantos outros.

Agora Que tal representarmos isso?

Proposta de atividade!

          Dividiremos a sala em dois grandes grupos e na semana que vem vamos ensaiar uma breve representação de uma cena de um conto. Escolham um deles entre aqueles que trabalhamos em sala ou tragam sugestões, pois na próxima aula iremos representar. Usem e abusem de roupas de época e maquiagem, escolham quem vai dirigir a pequena peça e cenário. E não esqueçam é claro dos atores. Vamos encontrar uma imagens de fundo com a temática para colocarmos como fundo de cena em um pen drive.




domingo, 1 de março de 2015

Leitura dos contos

Texto 1
A Bela Adormecida - Charles Perrault

Na festa do batismo da tão desejada princesa, foram convidadas 12 fadas e como madrinhas desta ofereceram-lhe como presentes a beleza, o talento musical, a inteligência, entre outros valores apreciados.
 No entanto, uma velha fada que foi negligeciada, porque o rei apenas tinha doze pratos de ouro, interrompeu o evento e lançou-lhe como vingança um feitiço cujo resultado seria, ao picar o dedo num fuso, a morte quando a princesa atingisse a idade adulta. Porém restava o presente da 12ª fada. Assim sendo, esta suavizou a morte, transformando o maldição da princesa para cem anos de sono profundo, até que seja despertada pelo primeiro beijo oriundo de um amor verdadeiro.
 O rei proibiu imediatamente qualquer tipo de fiação em todo o reino, mas em vão. Quando a princesa contava 15 anos, descobriu uma sala escondida num torreão do castelo onde encontrou uma velha a fiar. Curiosa com o fuso pediu-lhe para a deixar fiar, picando-se nesse mesmo instante. Sentiu então o grande sono que lhe foi destinado e, ao adormecer, todas as criaturas presentes no castelo adormeceram juntamente, sob o novo feitiço da 12ª fada que tinha voltado entretanto. Com o tempo, cresceu uma floresta de urzes em torno do castelo adormecido, isolando-o do mundo exterior e dando uma morte fatal e dolorosa nos espinhos a quem tentasse entrar. Assim muitos príncipes morreram em busca da tal Bela Adormecida cuja beleza era tão falada.
 Após cem anos decorridos, um príncipe corajoso enfrentou a floresta de espinhos, mesmo sabendo da morte de outros tantos, e consegiu entrar no castelo. Quando encontrou o quarto onde a princesa dormia, estremeceu de tal maneira ao ver a sua beleza, que caiu de joelhos diante o seu leito. Ele beijou-a e ela acordou finalmente. Então todos no castelo acordaram e continuaram onde haviam parado à cem anos atrás. O conto termina aqui, na boda do príncipe, com a famosa frase e viveram felizes até ao fim dos seus dias.


Texto 2
 A roupa nova do imperador - Hans Christian Andersen

Um alfaiate pobre, de terras distantes, diz a um determinado rei que poderia fazer uma roupa muito bonita e cara, mas que apenas as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei, muito vaidoso, gostou da proposta e pediu ao alfaiate que fizesse uma roupa dessas para ele.
 O alfaiate recebeu vários baús cheios de riquezas, rolos de linha de ouro, seda e outros materiais raros e exóticos, exigidos por ele para a confecção das roupas. Ele guardou todos os tesouros e ficou em seu tear, fingindo tecer fios invisíveis, que todas as pessoas alegavam ver, para não parecerem estúpidas.
 Até que um dia, o rei se cansou de esperar, e ele e seus ministros quiseram ver o progresso do alfaiate. Quando o falso tecelão mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: "Que lindas vestes! Você fez um trabalho magnífico!", embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho, nenhum deles querendo que achassem que era incompetente ou incapaz. O alfaiate garantiu que as roupas logo estariam completas, e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse as vestes especiais. A única pessoa a desmascarar a farsa foi uma criança, que gritou:
-O rei está nu!
O grito é absorvido por todos. O Imperador se encolhe, suspeitando a afirmação é verdadeira, mas se mantém-se orgulhosamente e continua a procissão.


 Texto 3
 O menino e o padre - Conto regional do Nordeste (autor desconhecido)

Um padre andava pelo sertão, e como estava com muita sede, aproximou-se duma cabana e chamou por alguém de dentro. Veio então lhe atender um menino muito mirrado.
 - Bom dia meu filho, você não tem por aí uma aguinha aqui pro padre?
 - Água tem não senhor, aqui só tem um pote cheio de garapa de açúcar! Se o senhor quiser... - disse o menino.
 - Serve, vá buscar. - pediu-lhe o padre.
 E o menino trouxe a garapa dentro de uma cabaça. O padre bebeu bastante e o menino ofereceu mais. Meio desconfiado, mas como estava com muita sede o padre aceitou. Depois de beber, o padre curioso perguntou ao menino:
 - Me diga uma coisa, sua mãe não vai brigar com você por causa dessa garapa?
 - Briga não senhor. Ela não quer mais essa garapa, porque tinha uma barata morta dentro do pote.
 Surpreso e revoltado, o padre atira a cabaça no chão e esta se quebra em mil pedaços. E furioso ele exclama:
 -Moleque danado, por que não me avisou antes?
 O menino olhou desesperado para o padre, e então disse em tom de lamento:
 - Agora sim eu vou levar uma surra das grandes; o senhor acaba de quebrar a cabacinha de vovó fazer xixi dentro!

 Texto 4
 O Assalto - Carlos Drumond de Andrade
 A casa luxuosa no Leblon é guardada por um molosso de feia catadura, que dorme de olhos abertos, ou talvez nem durma, de tão vigilante. Por isso, a família vive tranqüila, e nunca se teve notícia de assalto a residência tão protegida.
 Até a semana passada. Na noite de quinta-feira, um homem conseguiu abrir o pesado portão de ferro e penetrar no jardim. Ia fazer o mesmo com a porta da casa, quando o cachorro, que muito de astúcia o deixara chegar até lá, para acender-lhe o clarão de esperança e depois arrancar-lhe toda ilusão, avançou contra ele, abocanhando-lhe a perna esquerda. O ladrão quis sacar do revólver, mas não teve tempo para isto. Caindo ao chão, sob as patas do inimigo, suplicou-lhe com os olhos que o deixasse viver, e com a boca prometeu que nunca mais tentaria assaltar aquela casa. Falou em voz baixa, para não despertar os moradores, temendo que se agravasse a situação. O animal pareceu compreender a súplica do ladrão, e deixou-o sair em estado deplorável.
 No jardim ficou um pedaço da calça. No dia seguinte, a empregada não entendeu bem por que uma voz pelo telefone, disse que era da Saúde Pública e indagou se o cão era vacinado. Nesse momento o cão estava junto da doméstica, e abanou o rabo, afirmativamente.

 Texto 5 - Chapeuzinho Vermelho
 Uma garota conhecida como Chapeuzinho Vermelho atravessa a floresta para entregar uma cesta de mel (bolos, doces ou outros dependendo da versão) para sua avó que mora do outro lado do bosque. A menina toma o caminho, onde é vista pelo lobo-mau, que a segue, chegando à casa da avó primeiro e devorando a velhinha completamente. Então, se veste com suas roupas e aguarda Chapeuzinho na cama da avó. Quando a menina chega, acontece o famoso diálogo com o lobo:
—Por que esses olhos tão grandes? Então ela é respondida:
Ó minha querida, são para te enxergar melhor
Por que essas orelhas tão grandes?
São para te ouvir melhor.
E por que essa boca tão grande?
É para te comer!!!
Neste momento, o lobo revela-se e devora a Chapeuzinho. Enquanto na versão de Perrault a história termina aqui, sem final feliz, na versão de Grimm o conto segue desta forma:
Então, um caçador que passava por ali ouve os roncos do lobo, e o encontra dormindo na cama da vovó. O caçador abre a barriga do lobo adormecido de onde saem Chapeuzinho e sua avó ainda vivas, colocando pedras no lugar, a medida que o lobo acorda e morre tentando fugir.

Texto 6 
Velhos Fantasmas – L.F. Riesemberg

Em um empoeirado sótão, os fantasmas discutiam uma forma de assombrar seu casarão para afugentar os novos moradores. “Há uma semana esses vivos se mudaram, e nem perceberam que moramos aqui. Vocês nada aprenderam em todos esses séculos?” – perguntou o mais velho do grupo.
“Acho que estão ocupados com a mudança, senhor, e não tiveram tempo de prestar atenção” – disse outro espírito, otimista.
Um terceiro fantasma manifestou-se: “Bem, acho que é hora de tocar um pouco de piano à noite. Quando eles virem as teclas se movendo sozinhas, vão fugir correndo”.
"O que? Você acha que já não tentei isso?” – perguntou um pequeno fantasma que saiu do baú. “Na noite passada toquei todos os Noturnos de Chopin, e você pensa que eles ouviram? O marido saiu para trabalhar à noite. A mulher tomou sedativo e não ouviu uma só nota do meu concerto. E o filho deles passou a madrugada acordado no quarto, na frente do computador, com fones de ouvido!”. 
Pensativo, o fantasmagórico chefão quis saber o que mais já fora tentado. Uma entidade levantou timidamente o dedo e passou a relatar.
"Como de hábito, ocupei-me da biblioteca. Abri e fechei as gavetas, folheei os livros, rabisquei o quadro negro, tudo como dita o costume”.
“E que resultados obteve? Deixou alguém em pânico?”.
 "Infelizmente, ninguém adentrou lá ainda. Creio que não gostam de ler”.
 “Mas era só o que me faltava!” – gritou o velho. “E você aí?” – apontou para outro desencarnado que participava da assembleia. “O que fez para ajudar?”. O jovem espectro, desligado do mundo dos vivos há menos tempo que seus companheiros, engoliu em seco, e disse:
“Me perdoe a franqueza, mas acho que estamos encrencados. Mesmo tentando os meios mais avançados de assombração, não tenho conseguido nada. Já cheguei a aparecer na tela do computador do rapaz e lhe pregar um susto com a careta mais sombria que consegui, mas o máximo que aconteceu depois foi ele rir, dizendo que já tinha caído nesse truque antes”.
Um desânimo começava a contagiar a todos, até que um deles sugeriu:
“E se juntássemos as nossas economias de ectoplasma e materializássemos um de nós? Nunca falha!”. O que foi respondido por outra visagem:
“Aquilo já está com a validade vencida! Além do mais, se eles filmarem uma aparição dessas vão colocar as imagens na tal internet, e daí sim que nosso sossego termina de vez”.
“Então o jeito é ficar com eles. Este sótão até que é grande”.
“Pode esquecer! Já ouvi que vão reformar e transformar isto aqui em um estúdio de gravação de músicas”.
“Oh, não daquelas músicas que o menino ouve, por favor!” – lamentaram-se.
Porém, apesar da aparente derrota a que os pobres mortos pareciam estar fadados, um brilhante espírito teve uma ideia bastante simples e eficaz: interferir na atmosfera ao redor da casa, impedindo que se chegassem quaisquer sinais que fizessem funcionar a internet, os celulares e os canais da televisão via satélite.
Em duas semanas os moradores deixaram o local.



terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Texto 1 - Missa do Galo (Machado de Assis)

O objetivo é conhecer melhor as obras de Machado de Assis, os alunos de 7º ano irão ler um conto e realizar atividades referentes à obra.
A primeira atividade é um estudo do texto, com questões que o aluno deverá responder no blog.
A segunda atividade será realizada em sala de aula, durante as aulas de Literatura

Missa do galo
Machado de Assis


            Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta. Era noite de Natal. Havendo ajustado com um vizinho irmos à missa do galo, preferi não dormir; combinei que eu iria acordá-lo à meia-noite.
            A casa em que eu estava hospedado era a do escrivão Meneses, que fora casado, em primeiras núpcias, com uma de minhas primas. A segunda mulher, Conceição, e a mãe desta acolheram-se bem, quando vim de Mangaratiba para o Rio de Janeiro, meses antes, a estudar preparatórios. Vivia tranquilo, naquela casa assobradada da Rua do Senado, com os meus livros, poucas relações, alguns passeios. A família era pequena, o escrivão, a mulher, a sogra e duas escravas. Costumes velhos. Às dez horas da noite toda a gente estava nos quartos; às dez e meia a casa dormia. Nunca tinha ido ao teatro, e mais de uma vez, ouvindo dizer ao Meneses que ia ao teatro, pedi-lhe que me levasse consigo. Nessas ocasiões, a sogra fazia uma careta, e as escravas riam à socapa; ele não respondia, vestia-se, saía e só tornava na manhã seguinte. Mais tarde é que eu soube que o teatro era um eufemismo em ação. Meneses trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a princípio, com a existência da comborça, mas, afinal, resignara-se, acostumara-se, e acabou achando que era muito direito.
            Boa Conceição! Chamavam-lhe “a santa”, e fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido. Em verdade, era um temperamento moderado, sem extremos, nem grandes lágrimas, nem grandes risos. No capítulo que trato, dava para maometana; aceitaria um harém, com as aparências salvas. Deus me perdoe, se a julgo mal. Tudo nela era atenuado e passivo. O próprio rosto era mediano, nem bonito nem feio. Era o que chamamos uma pessoa simpática. Não dizia mal de ninguém, perdoava tudo. Não sabia odiar; pode ser até que não soubesse amar.
            Naquela noite de Natal foi o escrivão ao teatro. Era pelos anos de 1861 ou 1862. Eu já devia estar em Mangaratiba, em férias; mas fiquei até o Natal para ver “a missa do galo na Corte”. A família recolheu-se à hora do costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto. Dali passaria ao corredor da entrada e sairia sem acordar ninguém. Tinha três chaves na porta; uma estava com o escrivão, eu levaria outra, a terceira ficava em casa.
            - Mas, Sr. Nogueira, que fará você todo esse tempo? perguntou a mãe de Conceição.
            - Leio, D. Inácia.
            Tinha comigo um romance, os Três mosqueteiros, velha tradução creio do Jornal do Comércio. Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene, enquanto a casa dormia, trepei ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras. Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas. Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso. Entretanto, um pequeno rumor que ouvi dentro veio acordar-me da leitura. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar à porta da sala o vulto de Conceição.
            - Ainda não foi? perguntou ela.
            - Não fui; parece que ainda não é meia-noite.
            - Que paciência!
            Conceição entrou na sala, arrastando as chinelinhas da alcova. Vestia um roupão branco, mal apanhado na cintura. Sendo magra, tinha um ar de visão romântica, não disparatada com o meu livro de aventuras. Fechei o livro; ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé. Como eu lhe perguntasse se a havia acordado, sem querer, fazendo barulho, respondeu com presteza:
            - Não! qual! acordei por acordar.
            Fitei-a um pouco e duvidei da afirmativa. Os olhos não eram de pessoa que acabasse de dormir; pareciam não ter ainda pegado no sono. Essa observação, porém, que valeria alguma cousa em outro espírito, depressa a botei fora, sem advertir que talvez não dormisse justamente por minha causa, e mentisse para me não afligir ou aborrecer. Já disse que ela era boa, muito boa.
            - Mas a hora já há de estar próxima, disse eu.
            - Que paciência a sua de esperar acordado, enquanto o vizinho dorme! E esperar sozinho! Não tem medo de almas do outro mundo? Eu cuidei que se assustasse quando me viu.
            - Quando ouvi os passos estranhei; mas a senhora apareceu logo.
            - Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros.
            - Justamente: é muito bonito.
            - Gosta de romances?
            - Gosto.
            - Já leu A moreninha?
            - Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba.
            - Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?
            Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns. Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio cerradas, sem os tirar de mim. De vez em quando passava a língua pelos beiços, para umedecê-los. Quando acabei de falar, não me disse nada; ficamos assim alguns segundos. Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos e sobre eles pousar o queixo, tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo sem desviar de mim os grandes olhos espertos.
            “Talvez esteja aborrecida” pensei eu.
            E logo alto:
            - D. Conceição, creio que vão sendo horas, e eu...
            - Não, não, ainda é cedo. Vi agora mesmo o relógio; são onze e meia. Tem tempo. Você, perdendo a noite, é capaz de não dormir de dia?
            - Já tenho feito isso.
            - Eu, não; perdendo uma noite, no outro dia estou que não posso, e, meia hora que seja, hei de passar pelo sono. Mas também estou ficando velha.
            - Que velha o quê, D. Conceição?
            Tal foi o calor da minha palavra que a fez sorrir. De costume tinha os gestos demorados e as atitudes tranquilas; agora, porém, ergueu-se rapidamente, passou para o outro lado da sala e deu alguns passos, entre a janela da rua e a porta do gabinete do marido. Assim, com o desalinho honesto que trazia, dava-me uma impressão singular. Magra embora, tinha não sei que balanço no andar, como quem lhe custa levar o corpo; essa feição nunca me pareceu tão distinta como naquela noite. Parava algumas vezes, examinando um trecho de cortina ou consertando a posição de algum objeto no aparador; afinal deteve-se, ante mim, com a mesa de permeio. Estreito era o círculo das suas ideias; tornou ao espanto de me ver esperar acordado; eu repeti-lhe o que ela sabia, isto é, que nunca ouvira missa do galo na Corte, e não queria perdê-la.
            - É a mesma missa da roça; todas as missas se parecem.
            - Acredito; mas aqui há de haver mais luxo e mais gente também. Olhe, a semana santa na Corte é mais bonita que na roça. S. João não digo, nem Santo Antônio...
            Pouco a pouco, tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa e metera o rosto entre as mãos espalmadas. Não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros, e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande. As veias eram tão azuis, que apesar da pouca claridade, podia contá-las do meu lugar. A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro. Continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade, e de outras cousas que me iam vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber por que, variando deles ou tornando aos primeiros, e rindo para fazê-la sorrir e ver-lhe os dentes que luziam de brancos, todos iguaizinhos. Os olhos dela não eram bem negros, mas escuros; o nariz, seco e longo, um tantinho curvo, dava-lhe ao rosto um ar interrogativo. Quando eu alteava um pouco a voz, ela reprimia-me:
            - Mais baixo! mamãe pode acordar.
            E não saía daquela posição, que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras. Realmente, não era preciso falar alto para ser ouvido; cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais; ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida. Afinal, cansou; trocou de atitude e de lugar. Deu volta à mesa e veio sentar-se do meu lado, no canapé. Voltei-me, e pude ver, a furto, o bico das chinelas; mas foi só o tempo que ela gastou em sentar-se, o roupão era comprido e cobriu-as logo. Recordo-me que eram pretas. Conceição disse baixinho:
            - Mamãe está longe, mas tem o sono muito leve; se acordasse agora, coitada, tão cedo não pegava no sono.
            - Eu também sou assim.
            - O quê? perguntou ela inclinando o corpo para ouvir melhor.
            Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé e repeti a palavra. Riu-se da coincidência; também ela tinha o sono leve; éramos três sonos leves.
            - Há ocasiões em que sou como mamãe: acordando, custa-me dormir outra vez, rolo na cama, à toa, levanto-me, acendo a vela, passeio, torno a deitar-me, e nada.
            - Foi o que lhe aconteceu hoje.
            - Não, não, atalhou ela.
            Não entendi a negativa; ela pode ser que também não a entendesse. Pegou das pontas do cinto e bateu com elas sobre os joelhos, isto é, o joelho direito, porque acabava de cruzar as pernas. Depois referiu uma história de sonhos, e afirmou-me que só tivera um pesadelo, em criança. Quis saber se eu os tinha. A conversa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora nem pela missa. Quando eu acabava uma narrativa ou uma explicação, ela inventava outra pergunta ou outra matéria, e eu pegava novamente na palavra. De quando em quando, reprimia-me:
            - Mais baixo, mais baixo...
            Havia também umas pausas. Duas outras vezes, pareceu-me que a via dormir; mas os olhos, cerrados por um instante, abriam-se logo sem sono nem fadiga, como se ela os houvesse fechado para ver melhor. Uma dessas vezes creio eu que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que os tornou a fechar, não sei se apressada ou vagarosamente. Há impressões dessa noite, que me aparecem truncadas ou confusas. Contradigo-me, atrapalho-me. Uma das que ainda tenho frescas é que, em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima. Estava de pé, os braços cruzados; eu, em respeito a ela, quis levantar-me; não consentiu, pôs uma das mãos no meu ombro, e obrigou-me a estar sentado. Cuidei que ia dizer alguma cousa; mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas e foi sentar-se na cadeira, onde me achara lendo. Dali relanceou a vista pelo espelho, que ficava por cima do canapé, falou de duas gravuras que pendiam da parede.
            - Estes quadros estão ficando velhos. Já pedi a Chiquinho para comprar outros.
            Chiquinho era o marido. Os quadros falavam do principal negócio deste homem. Uma representava “Cleópatra”; não me recordo o assunto do outro, mas eram mulheres. Vulgares ambos; naquele tempo não me pareciam feios.
            - São bonitos, disse eu.
            - Bonitos são; mas estão manchados. E depois, francamente, eu preferia duas imagens, duas santas. Estas são mais próprias para sala de rapaz ou de barbeiro.
            - De barbeiro? A senhora nunca foi a casa de barbeiro.
            - Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e namoros, e naturalmente o dono da casa alegra a vista deles com figuras bonitas. Em casa de família é que não acho próprio. É o que eu penso; mas eu penso muita cousa assim esquisita. Seja o que for, não gosto dos quadros. Eu tenho uma Nossa Senhora da Conceição, minha madrinha, muito bonita; mas é de escultura, não se pode pôr na parede, nem eu quero. Está no meu oratório.
            A ideia de oratório trouxe-me a missa, lembrou-me que podia ser tarde e quis dizê-lo. Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei para ouvir o que ela contava, com doçura, com graça, com tal moleza que trazia preguiça à minha alma e fazia esquecer a missa e a igreja. Falava das suas devoções de menina e moça. Em seguida referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio, reminiscências de Paquetá, tudo de mistura, quase sem interrupção. Quando cansou do passado, falou do presente, dos negócios da casa, das canseiras de família, que lhe diziam ser muitas, antes de casar, mas não eram nada. Não me contou, mas eu sabia que casara aos vinte e sete anos.
            Já agora não trocava de lugar, como a princípio, e quase não saíra da mesma atitude. Não tinha os grandes olhos compridos, e entrou a olhar à toa para as paredes.
            - Precisamos mudar o papel da sala, disse daí a pouco, como se falasse comigo.
            Concordei, para dizer alguma cousa, para sair da espécie de sono magnético, ou o que quer que era me tolhia a língua e os sentidos. Queria e não queria acabar a conversação; fazia esforço para arredar os olhos dela, e arredava-os por um sentimento de respeito; mas a idéia de parecer que era aborrecimento, quando não era, levava-me os olhos outra vez para Conceição. A conversa ia morrendo. Na rua, o silêncio era completo.
            Chegamos a ficar por algum tempo, - não posso dizer quanto, - inteiramente calados. O rumor único e escasso, era um roer de camundongo no gabinete, que me acordou daquela espécie de sonolência; quis falar dele, mas não achei modo. Conceição parecia estar devaneando. Subitamente, ouvi uma pancada na janela, do lado de fora, e uma voz que bradava: “Missa do galo! missa do galo!”
            - Aí está o companheiro, disse ela levantando-se. Tem graça; você é que ficou de ir acordá-lo, ele é que vem acordar você. Vá, que hão de ser horas; adeus.
            - Já serão horas? perguntei.
            - Naturalmente.
            - Missa do galo! – repetiram de fora, batendo.
            - Vá, vá, não se faça esperar. A culpa foi minha. Adeus, até amanhã.
            E com o mesmo balanço do corpo, Conceição enfiou pelo corredor dentro, pisando mansinho. Saí à rua e achei o vizinho que esperava. Guiamos dali para a igreja. Durante a missa, a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez, entre mim e o padre; fiquei isto à conta dos meus dezessete anos. Na manhã seguinte, ao almoço, falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo Ano-Bom fui para Mangaratiba. Quando tornei ao Rio de Janeiro, em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia. Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais tarde que casara com o escrevente juramentado do marido.

Assis, Machado. Contos. Série Bom Livro. 26ª ed. Editora Ática: 2002. p. 99-104.

Após ler o conto assista esse pequeno vídeo, pois pode ou não ajudar a responder algumas questões em seguida:
https://www.youtube.com/watch?v=X6ylbnMOO5g

Atividade 1

Conto: Missa do galo – Machado de Assis


Responda:
1)    Quando ocorre a experiência vivida pelo Sr. Nogueira? Em que noite particularmente?

2)    Em que cidade e em que lugar ocorrem os fatos?


3)    Quanto tempo transcorre desde o momento em que Conceição entra na sala em que está Nogueira até o momento em que ele sai à rua para ir à missa?

4)    Pelas lembranças que são narradas, esse tempo parece ter demorado para passar ou parece ter passado rapidamente?


5)    Identifique no texto fatos que comprovem uma intimidade cada vez maior entre Conceição e Nogueira.

6)    Levante hipóteses: que razões poderiam levar Conceição a sentir vontade de viver uma aventura amorosa? E Nogueira?


7)    Que fato posterior, relatado no final da história, confirma que Conceição era uma mulher capaz de se interessar por outro homem, depois do marido?

8)    Quais dos seguintes fragmentos evidenciam a atração de Nogueira por Conceição:
a)    Que velha o quê, D. Conceição!
b)    Cochichávamos os dois, eu mais que ela, porque falava mais.
c)    Mais baixo! Mamãe pode acordar.
d)    A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro. Ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima.
9)    Quais dos fragmentos seguintes evidenciam haver pensamentos e sentimentos contraditórios em Conceição?
a)    Cuidei que ia dizer alguma coisa, mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas e foi sentar-se.
b)    Depois referiu uma história de sonhos, e afirmou-me que só tivera um pesadelo em criança.
c)    Mais baixo! Mamãe pode acordar. Ela, às vezes, ficava séria, muito séria, com a testa um pouco franzida.

10) Na sua opinião, ocorreu ou não algum envolvimento amoroso entre Conceição e Nogueira?

Atividade 2
Há cinco elementos da narrativa. No conto de Machado de Assis encontre esses elementos.
Enredo
Personagens
Tempo
Espaço
Narrador
(Faremos essa atividade em sala).